terça-feira, 26 de novembro de 2013

Guerra Fria e outros conflitos do século XX



GUERRA FRIA
A Guerra Fria caracterizou-se pela tensão política internacional, com disputas por áreas de influência capitalista (Estados Unidos) e socialista (URSS). A União Soviética e os Estados Unidos viveram em um estado de guerra não declarada, sendo os conflitos transferidos para o mundo periférico. Os estadunidenses tiveram sob área de influência os países da Europa ocidental, enquanto as áreas europeias libertadas pelo exército vermelho — o leste europeu — foram colocadas sob tutela soviética.
Em fevereiro de 1947, Harry Truman, presidente dos Estados Unidos, admitiu a necessidade de enviar auxílio político, financeiro e militar aos países ameaçados pelo comunismo (Doutrina Truman). No mesmo ano, criou-se o Plano Marshall, que destinou ajuda econômica aos países da Europa. Fortalecendo economicamente os Aliados, a Casa Branca pretendia afastar o perigo comunista. Internamente, os Estados Unidos viveram o macarthismo, uma política de perseguição a possíveis comunistas estadunidenses liderada pelo senador Joseph McCarthy.
Em 1949, foi criada uma aliança militar de defesa do Ocidente - a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), liderada pelos Estados Unidos. O objetivo era conter as fronteiras socialistas no continente europeu.
Grande parte dos países do leste europeu transformou-se em "satélites" da URSS. Em 1949, para promover e ampliar o comércio entre os Estados socialistas, a URSS criou o Conselho de Assistência Econômica Mútua (Comecon). Em 1955, a URSS e seus aliados europeus criaram o Pacto de Varsóvia, aliança militar capitaneada por Moscou e que incluía Alemanha Oriental, Polônia, Tchecoslováquia, Hungria, Bulgária, Albânia e Romênia.
Na Alemanha, encontrava-se o maior foco de tensão entre Estados Unidos e URSS. Berlim ocidental (capitalista) foi beneficiada com a entrada de recursos; Berlim oriental (socialista) mantinha a penúria típica do pós-guerra imediato.
O território alemão sob influência soviética transformou-se em República Democrática Alemã (ou Alemanha Oriental), socialista, com a capital em Berlim oriental; os setores ocupados por Estados Unidos, Inglaterra e França formaram a República Federal Alemã (ou Alemanha Ocidental), capitalista, cuja capital passou a ser a cidade de Bonn.
Em 1961, para conter as fugas, o governo da Alemanha Oriental construiu o muro de Berlim, símbolo da Guerra Fria, com mais de 150 km de extensão e três metros de altura. Entre outras consequências da Guerra Fria tivemos a corrida armamentista entre as duas superpotências, que resultou em um grande arsenal de armas nucleares, assim como a corrida espacial, que culminou com a chegada do homem à Lua, em 1969 — feito realizado pelos Estados Unidos.
















REVOLUÇÃO CHINESA
Na China, o Partido Nacionalista (kuomitang), de Chiang Kai-chek, aproximou-se dos Estados Unidos, provocando uma guerra civil com os comunistas liderados por Mao Tsé-tung.
Em 1949, os comunistas venceram a guerra civil e fundaram a República Popular da China. Chiang Kai-chek e seus seguidores fugiram para a ilha de Formosa (Taiwan), onde fundaram a República Nacionalista da China, sob proteção dos Estados Unidos.
O governo socialista de Mao Tsé-tung coletivizou as terras, estatizou a economia, eliminou os focos de oposição e controlou a imprensa. O programa econômico denominado "grande salto para a frente" (1958-1961) priorizou a agricultura e a indústria de base, mas apresentou resultados modestos.
Na política externa, os comunistas chineses afastaram-se dos soviéticos após a morte de Stalin, em 1953.
Em 1964, depois de enormes esforços na área bélica e científica, o Partido Comunista Chinês anunciava ao mundo o domínio da construção da bomba atômica. Em 1966, Mao Tsé-tung deu início à revolução cultural, que pretendia eliminar focos de oposição dentro do próprio Partido Comunista Chinês e promover uma renovação na direção do PCC, substituindo a velha burocracia por novos quadros.
Manipulados pela direção do PCC, muitos jovens transformaram-se em guardas vermelhos, membros de milícias que, pela violência, trabalharam para reforçar a ditadura pessoal do líder da Revolução Chinesa.

GUERRA DA COREIA
Depois da Segunda Guerra Mundial formaram-se dois Estados autônomos na Coreia: a República Popular Democrática da Coreia (ou Coreia do Norte), aliada da URSS, e a República da Coreia (ou Coreia do Sul), protegida pelos estadunidenses.
Incentivados pela vitória dos comunistas chineses em 1949, os norte-coreanos declararam guerra à Coreia do Sul.
O Conselho de Segurança da ONU considerou a Coreia do Norte agressora e autorizou a formação de uma força internacional, liderada pelos estadunidenses. Iniciava-se a trágica Guerra da Coreia.
Os norte-coreanos contaram com a participação do governo chinês. Em 1953, depois de três anos de combates, foi assinada a Paz de Panmunjom, que confirmou o paralelo 38° N como limite entre as Coreias e uma zona desmilitarizada ao longo da fronteira.
Os Estados Unidos iniciaram, então, a construção do muro da Coreia, que ainda hoje divide os dois países.
















DESCOLONIZAÇÃO DA ÁFRICA E DA ÁSIA
Entre os fatores que propiciaram a descolonização afro-asiática, está o declínio do poderio europeu, o desenvolvimento econômico de grupos empresariais nativos, a participação nas duas guerras, os movimentos de libertação e o apoio dos Estados Unidos e da União Soviética, com o intuito de atrair novos países para suas áreas de influência ideológica, as revoltas geradas pela diferença entre as elevadas condições de vida dos colonizadores e a miséria dos colonizados, e a Conferência de Bandung (1955), que reuniu representantes de países independentes da Ásia e da África para defender a autodeterminação dos povos, condenar a ação imperialista em todo o mundo e ajudar no processo de independência das colônias.

CASOS AFRICANOS
No continente africano, a guerra de libertação das mais sangrentas foi a da Argélia. A independência foi organizada pela Frente de Libertação Nacional (FLN), grupo armado guerrilheiro que afirmava defender os interesses do povo argelino contra os colonos franceses. O conflito com o exército francês se estendeu de 1954 a 1962 e resultou na morte de um milhão de pessoas.
Nas colônias portuguesas, os movimentos separatistas começaram nos anos 1950; no, entanto, as independências foram alcançadas na década de 1970, após a Revolução dos Cravos em Portugal (1974), que pôs fim num governo fascista que regia o país desde 1920 (o salazarismo).

CASOS ASIÁTICOS

INDOCHINA E GUERRA DO VIETNÃ
Área de colonização francesa, a Indochina (Vietnã, Laos e Camboja) foi ocupada pelos japoneses no início de 1940, durante a Segunda Guerra Mundial.
Em 1941, os comunistas ligados a Ho Chi Minh organizaram o Vietminh, grupo armado e preparado para lutar contra as ocupações francesa e japonesa. Depois de conseguir expulsar os japoneses, o Vietminh, apoiado pelo Partido Comunista e por outros grupos nacionalistas, ocupou a cidade de Hanói e proclamou a República Democrática do Vietnã, no norte da península. A pretensão francesa de recolonizar a região a partir do sul provocou a reação de todos os vietnamitas, dando início à Guerra da Indochina, em 1946.
O conflito entre vietnamitas (apoiados pela China) e franceses (apoiados pelos Estados Unidos) só terminou em 1954, com a França derrotada. Em julho do mesmo ano foi realizada a Conferência de Genebra, que decidiu pelo desmembramento do domínio colonial francês na Indochina e o reconhecimento da independência do Vietnã, do Laos e do Camboja. Também ficou determinada uma divisão temporária do Vietnã: ao norte, ficaria a República Democrática do Vietnã, socialista e com capital em Hanói; ao sul, a República do Vietnã, capitalista e com capital na cidade de Saigon.
A partir da divisão, o Vietnã torna-se palco da Guerra Fria, desencadeando a Guerra do Vietnã, que durou de 1961 a 1975.
Em 1960, foi fundada a Frente de Libertação Nacional e, no ano seguinte, o Exército de Libertação Nacional (Vietcongue). Os Estados Unidos decidiram intervir diretamente no país, apoiando o governo do Vietnã do Sul contra as forças do Vietnã do Norte e contra os guerrilheiros vietcongues.
Em 1973, foi assinado o Acordo de Paris. Que determinou a retirada das tropas estadunidenses do Vietnã.
Em 1975, os líderes do governo do Vietnã do Sul renderam-se; no ano seguinte, o Vietnã foi reunificado, com o nome de República Socialista do Vietnã.






ÍNDIA
Na década de 1920, Mahatma Gandhi comandou a resistência ao domínio britânico, assentado nos princípios da não violência e da desobediência civil. Com o apoio de Nehru, Gandhi desencadeou uma campanha de divulgação e convenceu a população a não pagar impostos e a não consumir produtos ingleses.
A Inglaterra tentou enfraquecer o movimento, fomentando divergências entre hindus e muçulmanos. Em 15 de julho de 1947, o Parlamento inglês votou a Lei de Independência, que dividiu a índia em um grande território hindu — a índia — e dois territórios muçulmanos — o Paquistão ocidental e o Paquistão oriental.
As crises entre os dois territórios paquistaneses levaram à independência do Paquistão oriental, em 1971, após uma guerra civil que terminou com a proclamação da República de Bangladesh. O Paquistão ocidental, por sua vez, passou a chamar-se apenas Paquistão.
Ainda hoje, uma vasta região localizada a noroeste da índia — a Caxemira, com uma população majoritariamente muçulmana — é reivindicada pelo Paquistão.

AMÉRICA LATINA

O nascimento do operariado, o fortalecimento da classe média urbana e a emergência de uma influente burguesia industrial marcaram a vida social dos países latino-americanos nas décadas de 1930 e 1940.
Os reflexos políticos dessa nova ordem social foram a eclosão de movimentos populares e o surgimento de partidos de esquerda (socialistas e comunistas) em diversos países, destacando-se Chile, Argentina, Brasil e Bolívia. Sob influência de militantes anarquistas, nasceram os sindicatos, que logo passaram para o controle dos partidos de esquerda.
O operariado urbano, que reivindicava direitos trabalhistas, e o campesinato, que lutava pelo acesso a terra, protagonizaram os principais movimentos sociais da primeira metade do século XX.
As pressões dos grupos populares colocaram em risco o poder das elites locais e forçou o aparecimento de um fenômeno político chamado populismo.
O discurso nacionalista e moralizador dos Estados populistas seduziam os trabalhadores, as camadas médias urbanas e as burguesias nacionais, ansiosas por se integrarem a um projeto de modernização que passaria, necessariamente, por uma rápida industrialização.
Os investimentos na indústria de base, a política de incentivos (por meio da concessão de créditos e taxas de juros baixas), a oferta de subsídios às matérias-primas produzidas pelas grandes estatais e a manutenção da ordem social (por meio do controle dos sindicatos e da vida partidária) fizeram do Estado populista o grande aliado das elites latino-americanas no processo de modernização capitalista vivenciado no período.
Com os líderes carismáticos, o populismo integrou sob sua ideologia reformista os diversos segmentos da sociedade.
Durante a vigência do Estado populista, a vida urbana suplantou em vantagens econômicas e em possibilidades de sobrevivência a vida rural. A burguesia industrial se impôs como segmento dominante, as camadas médias foram integradas ao modo de vida capitalista, e os trabalhadores urbanos conquistaram direitos ainda não conseguidos pelos camponeses.
Getúlio Vargas no Brasil, Juan Domingo Perón na Argentina e Lázaro Cardenas no México são os melhores exemplos do populismo na América Latina.






MÉXICO
Em 1910, houve um levante revolucionário que envolveu camponeses, camadas médias urbanas e a burguesia industrial contra a ditadura de Porfírio Diaz, instaurada por um golpe militar em 1876. Foi o início da Revolução Mexicana.
A presença de lideranças camponesas — como Pancho Villa e Emiliano Zapata — deu à revolução um caráter social camponês e alarmou as classes urbanas conservadoras.
Com o apoio dos grupos revolucionários de Zapata e Villa, o liberal constitucionalista Venustiano Carranza chegou ao poder; no entanto, a aliança entre as forças logo foi rompida. Os dois líderes camponeses uniram-se contra o governo de Carranza.
Em 1917, Carranza promulgou uma Constituição de conteúdo nacionalista e trabalhista, que fortaleceu o seu governo diante de segmentos urbanos, incluindo o operariado e a burguesia, que passaram a apoiá-lo na luta contra as tropas camponesas de Zapata e Villa.
Entre 1934 e 1940, Lázaro Cardenas ocupou a Presidência da República do México, tornando-se um dos expoentes do populismo latino-americano. Durante seu governo, os projetos revolucionários de 1910 foram revigorados e dinamizados. Cardenas nacionalizou empresas de petróleo estadunidenses e ferrovias inglesas, estruturou em moldes populistas os sindicatos de trabalhadores e promoveu uma gigantesca expropriação de latifúndios de proprietários mexicanos e estrangeiros para realizar a reforma agrária. Mais de 15 milhões de hectares de terras foram distribuídos aos camponeses no sistema de ejidos, propriedades de caráter coletivo, cuja utilização só era permitida enquanto os camponeses estivessem integrados como membros de suas comunidades.
Nas décadas de 1940, 1950 e 1960, o latifúndio voltou a predominar no mundo rural mexicano.

CUBA
Depois da independência (1898), Cuba foi colocada sob influência dos Estados Unidos, através da Emenda Platt. Em 1934, Fulgêncio Batista assumiu o poder e passou a governar segundo interesses do imperialismo estadunidense.
Em 1952, por meio de um golpe de Estado, Fulgêncio Batista instalou no país uma ditadura.
Em 1953, um grupo de rebeldes chefiados por Fidel Castro Ruiz tentou tomar o poder por meio de um golpe contra Batista. A tentativa resultou em fracasso, e Fidel Castro foi preso.
Libertado em 1955, Fidel exilou-se no México, onde se uniu a outros exilados cubanos e organizou o retorno à ilha. No grupo de rebeldes, constituído por menos de 90 homens, destacava-se o médico argentino Ernesto Guevara de la Serna (conhecido por Che).
No fim de novembro de 1956, o grupo partiu do México com destino a Cuba, onde iniciou a revolução para a tomada do poder.
Depois de dois anos de conflito, Fulgêncio Batista fugiu para a República Dominicana; no dia seguinte, os revolucionários entraram em Havana.
Fidel Castro assumiu o controle do Estado e do Exército revolucionário, nacionalizou empresas estrangeiras e promoveu a reforma agrária, depois de expropriar terras da oligarquia cubana e de empresas estadunidenses.
Em janeiro de 1961, os Estados Unidos romperam relações diplomáticas com Cuba; em abril, exilados cubanos treinados pela CIA tentaram invadir Cuba e derrubar Fidel. A fracassada tentativa de invasão na baía dos Porcos acelerou o rompimento definitivo do governo cubano com o mundo capitalista. Em dezembro de 1961, Fidel anunciou a adesão de Cuba ao socialismo, aproximando-se da União Soviética. Em 1962, a tentativa de instalação de mísseis soviéticos em Cuba gerou um dos momentos mais tensos da Guerra Fria, na chamada Crise dos Mísseis. A questão foi resolvida com o compromisso soviético de não instalar armas em solo cubano, enquanto do lado dos Estados Unidos o governo assumiu o compromisso de não mais tentar intervir militarmente em Cuba.



CHILE
Nas eleições presidenciais chilenas de 1970, a vitória coube a Salvador Allende, candidato da Unidade Popular, uma frente política constituída por comunistas, socialistas e liberais. Allende realizou a reforma agrária e nacionalizou as minas, o comércio exterior e os bancos.
Para defender seus interesses, os Estados Unidos organizaram um boicote internacional ao cobre chileno, o que fez a economia do país degringolar. Além disso, uma violenta campanha de desestabilização do governo — liderada por agentes estadunidenses com recursos dos grandes consórcios econômicos que atuavam no país e defendida pela burguesia nacional — procurou colocar a sociedade chilena contra o governo da Unidade Popular. A classe média posicionou-se contra Allende.
Em 11 de setembro de 1973, um golpe militar chefiado pelo general Augusto Pinochet derrubou Allende, que foi morto no Palácio de La Moneda. Elementos da oposição liberal ou socialista foram perseguidos, presos, exilados ou assassinados pelo aparelho de repressão estruturado após o golpe.
O governo Pinochet, que se estenderia até 1990, desnacionalizou bancos e empresas e abriu o país ao capital estrangeiro. Como nas demais ditaduras do ciclo militar, o desenvolvimentismo trouxe problemas econômicos e financeiros resultantes do endividamento, cujos reflexos sociais causaram problemas que ainda estão por ser resolvidos.

Questões corrigidas sobre Revolução Russa, Fascismo



1. Resuma as condições políticas e sociais na Rússia antes da Revolução de 1917?
A Rússia era uma monarquia absoluta. 0 regime era sustentado pela nobreza, pela burguesia industrial e mercantil, e pela força das armas. A nobreza possuía quase metade das propriedades rurais. Os camponeses, que correspondiam a 85% da população, viviam em condições muito difíceis. Por isso, havia grande tensão no campo. Entre os operários, era forte o movimento anti-
czarista. O czar, forçado pelas lutas e organizações politicas que surgiam, tentou algumas reformas, embora na prática continuasse a concentrar o poder.



2. Qual era a ala mais radical dentro do Partido Social-Democrata Russo a partir de 1903: os mencheviques ou os bolcheviques? Justifique sua resposta.
Os bolcheviques constituíam a ala mais radical do Partido Social-Democrata Russo. Eles pretendiam implantar uma ditadura do proletariado, conduzida por um partido operário-camponês, com a finalidade de retirar a Rússia da situação de atraso em que se encontrava. Os mencheviques achavam que era necessário esperar o desenvolvimento do capitalismo para então começar a revolução, conduzida pela burguesia e apoiada pelos operários e camponeses.


3. O que foi o Domingo Sangrento?
O Domingo Sangrento foi uma manifestação popular realizada em São Petersburgo em 22 de janeiro de 1905, violentamente reprimida pelo exército  que iniciou uma ampla revolta.

4. Resuma os acontecimentos de março de 1917.
Como conseqüência de uma série de greves e manifestações contra o governo, lideradas pela burguesia, o czar abdicou. Formaram-se então dois poderes paralelos: a Duma, que pretendia consolidar a monarquia constitucional, e os sovietes, pró-república socialista. O Comitê da Duma transformou-se em Governo Provisório.
5- Quais as primeiras mudanças estruturais do governo revolucionário liderado por Lenin?
0 governo liderado por Lenin sofreu mudanças estruturais, como: foi suprimida a grande propriedade rural: as terras passaram a ser dirigidas por comitês de camponeses; as fábricas foram estatizadas e passaram ao controle dos operários; a Rússia retirou-se da guerra.




6. Por que os exércitos estrangeiros invadiram a Rússia entre 1918e 1920?
Os exércitos estrangeiros apoiavam os russos adeptos do antigo regime, pois temiam a difusão das idéias socialistas para o restante do mundo.

7. O que foi a fase do comunismo de guerra? O que acarretou?
Comunismo de guerra foi o período, logo após a guerra contra os invasores, em que foram tomadas medidas radicais, como a estatização de fábricas de cinco a dez operários e a obrigatoriedade de entregar a produção agrícola ao Estado. Essas medidas trouxeram uma séria crise econômica, com baixa de produção e fome generalizada.
8. O que foi a NEP? Cite três medidas dessa política.
A NEP — Nova Política Econômica — foi a política aplicada por Lenin para resolver a crise de 1921. Os investimentos foram dirigidos para energia e matérias primas básicas, os comerciantes e agricultores foram organizados em cooperativas, as pequenas empresas foram privatizadas.
9. Stalin governou a União Soviética desde a morte de Lenin até 1953. Aponte três características da ação desse líder.
Stalin governou a União Soviética baseado em seu poder pessoal; perseguiu e assassinou milhares de pessoas, acusadas de não seguirem suas diretrizes; defendeu a tese da evolução conduzida do alto, graças a iniciativa do Estado; deu ênfase ao desenvolvimento da indústria pesada, em detrimento da de bens de consumo; exaltou o patriotismo e justificou o nacionalismo.

10. Quais os principais fatores que estiveram na base do surgimento do fascismo?
Dentre os principais fatores na base do surgimento do fascismo, podem ser mencionadas as dificuldades da Itália depois da Primeira Guerra: destruição; crise econômica; desemprego; descontentamento social, que se expressava em greves dos operários e rebelião dos camponeses. Assustada, a burguesia liberal e conservadora se apoiaram nos fascistas, um grupo político disposto a acabar pela força com a ameaça de revolução.
11. Como era a atuação dos grupos fascistas?
Os grupos fascistas agiam de modo violento, realizavam ações terroristas contra sindicatos e organizações de esquerda, torturavam os líderes desses sindicatos e organizações e chegavam ao assassinato.


12. Como se deu a ascensão ao poder dos fascistas?
Contrapondo-se às greves e manifestações das forças de esquerda, os fascistas continuaram a política de terror e ameaças, fortalecendo-se e chegando a ameaçar o governo. Em outubro de 1922, Mussolini anunciou a Marcha sobre Roma de fascistas de toda a Itália. O rei convidou Mussolini a formar o Ministério; pouco tempo depois, ele passou a governar ditatorialmente.


13. Cite três aspectos da doutrina fascista.
Três dos seguintes: Estado totalitário; identificação entre o Estado, o chefe de Estado e o Partido Fascista; predominância do Estado sobre o indivíduo; nacionalismo e patriotismo; militarismo.
14. O que era a Carta do Trabalho?
Era a legislação trabalhista elaborada pelo governo fascista. Por ela, o Estado passava a mediar os conflitos trabalhistas. Ela garantia benefícios aos trabalhadores, como férias, previdência social e formação profissional.
15. Quais as principais dificuldades da Grã-Bretanha no período entre guerras?
A Grã-Bretanha teve grandes perdas na guerra e sua economia sofreu grande enfraquecimento. Sua indústria sofria a concorrência de outros países europeus que se reconstruíam e também se ressentia da retração do comércio. O desemprego castigou o país durante todo o período. O Império Britânico também se esfacelava. A situação piorou com a crise de 1929, mas houve recuperação a partir de 1932, quando os países da Commonwealth adotaram uma política protecionista.
16. O que foi a Frente Popular?
A Frente Popular foi uma frente de várias forças de esquerda, sob liderança de Leon Blum, que chegou ao poder em 1936, na França.
17. Por que se afirma que a Primeira Guerra Mundial enriqueceu os Estados Unidos?
Porque os Estados Unidos, cujo território não foi palco de guerra, eram os principais fornecedores de mercadorias para os aliados europeus. Enquanto as potências européias se enfraqueceram com a guerra, os Estados Unidos saíram fortalecidos do conflito.



18. Como eram as relações dos Estados Unidos com o restante do mundo após a Primeira Guerra Mundial?
Quanto à Europa, na esfera política, os Estados Unidos retomaram a política de isolamento; eles apenas enviavam observadores às conferências européias. No plano econômico, no entanto, as relações com os países europeus eram muito estreitas, pois era a Europa o principal mercado dos norte-americanos. Com relação à Ásia, a área de influência dos Estados Unidos ampliou-se, entrando em conflito com o Japão. Na América Latina, o país adotou a política de intervenção, arrogando-se o direito de interferir onde seus interesses estivessem ameaçados.

As questões sociais até a era Vargas



AS QUESTÕES SOCIAIS
Entre os vários aspectos que caracterizaram o movimento operário do início do século, destacam-se as greves e os congressos operários.
0 Iº Congresso Operário Brasileiro realizou-se em abril de 1906, no Rio de Janeiro, onde ficou clara a predominância do anarco-sindicalismo como tendência do proletariado no Brasil. Contra a proposta dos delegados socialistas de formar um partido político, foi aprovada a tese anarco-sindical de criação da Confederação Operária Brasileira (COB).
0 II Congresso Operário foi convocado pela COB, em 1913, para se opor à lei que previa a expulsão do país de estrangeiros envolvidos em greves. Também traçou um plano de ação para lutar pela fixação de um salário mínimo e pela limitação da jornada de trabalho.
Em 1917, iniciaram-se greves em fábricas têxteis e cervejarias de São Paulo. A Força Pública reprimiu violentamente uma concentração de operários, sendo assassinado o sapateiro anarquista Antônio Martinez. Seu enterro foi o marco de violentas manifestações contra a polícia. A greve acabou se generalizando por toda a cidade.
A burguesia industrial paulista, ao perceber que a repressão não daria conta do conflito, procurou organizar uma comissão de jornalistas que serviria de mediadora entre operários e patrões.
Os empresários acabaram aceitando algumas das reivindicações dos operários: 20% de aumento salarial e a promessa de não dispensar os grevistas. 0 presidente do estado e o prefeito de São Paulo prometeram fiscalizar as condições de trabalho das mulheres e dos menores, o preço e a qualidade dos gêneros alimentícios e libertar os grevistas presos. Os grevistas aceitaram a proposta patronal, o que pôs fim à greve geral de 1917.

A formação do Partido Comunista
A criação do Partido Comunista, em fevereiro de 1922, foi o resultado da união de vários grupos políticos de esquerda espalhados pelo país. Tornou-se conhecido pela sua ação junto aos sindicatos e às lutas operárias, e, principalmente, através do seu jornal Movimento Operário. Contudo, o partido teve vida curta. Após quatro meses de sua fundação foi considerado ilegal pelo presidente Arthur Bernardes. Apesar dos poucos meses de legalidade do PC, a organização se tornou um referencial importante para a oposição anticapitalista, especialmente a partir dos anos 30.

A REAÇÃO REPUBLICANA
Em 1919, o gaúcho Borges de Medeiros, líder do Partido Republicano Rio-Grandense, apoiou o nordestino EpitácioPessoa à presidência. Com isso, surgiu uma aliança entre o Rio Grande do Sul e o Nordeste, expressando o descontentamento das oligarquias regionais, interessadas em romper a hegemonia dos cafeicultores.
Epitácio Pessoa, vitorioso no mandato que se estenderia até 1922, desenvolveu um programa contrário à política do café-com-leite e investiu em obras contra a seca do Nordeste.
Além de descontentar os cafeicultores, entrou em atrito com a ascendente burguesia industrial, ao colocar entraves à entrada de produtos estrangeiros no Brasil, porque parte da indústria nacional precisava importar bens de produção.
Para o mandato seguinte, a oligarquia cafeeira,como forma de protesto às medidas de Epitácio Pessoa, apontou como candidato o mineiro Arthur Bernardes. Borges de Medeiros, tentando mais uma vez ir contra a política do café-com-leite, indicou Nilo Peçanha. Estrategicamente se uniu ao Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. Tinha início a Reação Republicana, que tumultuou o ano de 1921.
A campanha de Nilo Peçanha representou uma contestação ao regime e contou com o apoio de parcelas da sociedade que estavam dispostas a romper com osituacionismo: setores urbanos, jovens tenentes e algumas dissidências burguesas.
Dessa Reação Republicana, se ergueu a voz dos tenentes, a juventude militar imbuída de propósitos radicais, contra a dominação oligárquica. Mas, naquele momento, pouco adiantou, pois Arthur Bernardesassumiu a presidência, em 15 de novembro de 1922, provando que triunfava o situacionismo.



O TENENTISMO
O Tenentismo foi um movimento político-militarque objetivava realizar mudanças na sociedade brasileira, diminuindo o poder das oligarquias e acabando com a corrupção eleitoral. Planejava o voto secreto e contou com a simpatia dos setores médios da sociedade e da classe operária.
Em 1921, durante a campanha política para substituir o presidente Epitácio Pessoa, a imprensa publicou cartas criticando a atuação dos militares, cuja autoria foi atribuída ao candidato Arthur Bernardes.Essas críticas levaram os jovens oficiais do Exército a apoiar abertamente Nilo Peçanha. Também combatiam o coronelismo e as eleições fraudulentas.
Mas foi exatamente o poder dos coronéis que garantiu a vitória de Arthur Bernardes (março de 1922).
Isso revoltou ainda mais os tenentes. Através da imprensa e de inflamados discursos no Clube Militar, o ex-presidente Marechal Hermes da Fonseca, criticou a atitude de EpitácioPessoa, que aceitou o pleito de março e não questionou os resultados eleitorais.
A reação foi imediata: em 3 de julho Epitácio Pessoa ordenou o fechamento do Clube Militar e a prisão de Hermes da Fonseca. Isso foi o estopim para que os tenentes se revoltassem. Marcaram para o dia 5 de julho o início de uma rebelião que deveria impedir a posse de Arthur Bernardes. Iniciava-se, assim, o Tenentismo.
Estão Ligadas ao movimento tenentista a Revolta do Forte de Copacabana ou Os Dezoito do Forte e a Revolução de 1924.

Revolta do Forte de Copacabana
Para impedir a posse de Arthur Bernardes, os militares planejaram que várias guarnições do exército deveriam marchar até o Palácio do Catete (sede dogoverno federal), no Rio de Janeiro, e depor Epitácio Pessoa.0 Marechal Hermes da Fonseca assumiria a presidência provisoriamente e seu primeiro ato seria declarar a vitória de Nilo Peçanha.
Na madrugada do dia 5 de junho de 1922, alguns oficiais tomaram o Forte de Copacabana. Em seguida, atacaram o quartel-general do Exército e outras unidades militares se rebelaram no Rio de Janeiro, Niterói e Mato Grosso.0 Congresso decretou estado de sítio.
Então, dezessete cadetes e o civil Octávio Correia saíram em marcha pelas praias de Copacabana até que foram impedidos de continuar pelas tropas do governo. Só dois sobreviveram: Siqueira Campos e Eduardo Gomes.
Nada impediu a posse de Arthur Bernardes, que governou o Brasil de 1922 a 1926.

Revolução de 1924
A Revolução de 1924 ocorreu em São Paulo e foi liderada pelo general Isidoro Dias Lopes e pelos tenentes.
A partir de5 de julho, mais de mil homens ocuparam lugares estratégicos da cidade de São Paulo.0objetivo era depor o presidente Arthur Bernardes. Entretanto, novamente os tenentes foram derrotados e passaram a formar a Coluna Paulista. Após abandonarem São Paulo, liderados pelos tenentes Siquera Campos e Juarez Távora, os paulistas partiram para o interior do estado.

A Coluna Prestes
Após a derrota do levante em Santo Ângelo, o tenente Luís Carlos Prestes e seus homens entraram no Paraná, onde, após encontrar-se com as tropas da Coluna Paulista, organizaram a Coluna Prestes. Ela foi dividida em três destacamentos, comandados respectivamente por Cordeiro de Farias, João Alberto e Siqueira Campos. Contudo, as decisões eram tomadas por Prestes, depois de ouvir o comando.
Reunidas as tropas do Rio Grande do Sul e de São Paulo, Prestes propõe que atravessem a fronteira e percorram um pequeno trecho do território paraguaiopara invadir o Mato Grosso. Com essa invasão, iniciou-se uma longa marcha militar.
0 general Rondon foi designado para combater a coluna. As forças legalistas conseguiram isolar o posto avançado rebelde, mas não o detiveram.
Em 1926, o comando revolucionário decidiu que a coluna deveria buscar refúgio nas fronteiras. Posteriormente, entraram em território baiano e mineiro, onde muitos morreram e outros foram presos. Dirigiram-se ao Piauí e de lá seguiram para Mato Grosso e Goiás. Em seguida, entraram em território boliviano, onde conseguiram asilo político. Acabavam, assim, os 647 dias de marcha da Coluna Prestes, ao total percorreu mais de 20 mil quilômetros.

O PODER DOS CAFEICULTORES EM CRISE
Os problemas que Arthur Bernardes teve de enfrentar com o movimento tenentista o levaram a governar em estado de sítio. Acompanhando a crise política, a cafeicultura sofria reveses. No período de 1922 a 1923, houve uma superprodução de café, o que obrigou o governo a emitir dinheiro para comprá-
la. A crise aconteceu porque, durante a Primeira Guerra Mundial, os países envolvidos no conflito reduziram sensivelmente o consumo de café. Como resultado, houve uma queda do preço do produto.
A hegemonia da oligarquia cafeeira expressava-se através do Partido Republicano Paulista. Porém, a ascendente burguesia industrial paulista ingressou no partido, para defender seus interesses liberais.
Na antevéspera da sucessão presidencial, a burguesia industrial e financeira paulista lançou o manifesto do Partido Democrático. Defendia as seguintes ideias: reforma eleitoral com voto secreto, autonomia financeira com os mesmo privilégios da cafeicultura para a indústria e livre negociação na questão social.
Os industriais percebiam que o movimento social avançava perigosamente e que o Estado oligárquico mostrava-se incapaz de resolvê-lo, pois a repressão pura e simples era ineficaz.

Talvez bem mais importante do que seus épicos desempenhos em batalhas, tenha sido o fato de esses oficiais reformadores passarem a atuar politicamente fora das vias institucionais, recolocando na ordem do dia o "golpe militar" como um meio de transformar a sociedade, mudança, aliás, que em muito ajuda a compreender a eclosão da Revolução de 1930.

Mary dei Prisne e Renato R Venâncio. O livro de ouro da História do Brasil. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.p. 309.

A fundação do Partido Democrático representou uma ruptura no bloco de poder dos paulistas. A antiga oligarquia dos cafeicultores continuava defendendo os seus interesses, enquanto o novo grupo pensava em uma mudança na organização do Estado.
Washington Luís, temendo a oposição das oligarquias regionais, procurou compor o seu governo contando com nomes locais, por exemplo, nomeou o gaúcho e político Getúlio Vargas para o seu ministério e, assim, garantia o apoio daquela importante bancada.
Mesmo enfrentando a divisão interna da bancada paulista, Washington Luís foi eleito presidente para o período de 1926 a 1930. 0 presidente, no intento de continuar a política de valorização do café, manteve a baixa cambial e isso propiciou a expansão da lavoura e da indústria. Porém, a classe operária saiu grandemente prejudicada.
A superprodução de 1928, que provocou baixa nos preços do café, e a crise mundial de 1929 (que levou ao desastre econômico a Bolsa de Valores de Nova York) foram a gota d'água para pôr fim ao modelo agrário-exportador e ao Estado oligárquico, sendo impossível a manutenção da política de valorização do café. A maioria dos cafeicultores e outros setores ligados à exportação tiveram inúmeros prejuízos, pois ocorreu:
» retração do mercado consumidor;
» suspensão da política de valorização com o fim da compra do excedente do café;
» exigência do pagamento das dívidas contraídas pelos cafeicultores.





A REVOLUÇÃO
Em 1930 ocorreu uma revolução que ocasionou a queda da República Velha, já bastante enfraquecida. A campanha eleitoral para a sucessão do presidente Washington Luís provocou a cisão da oligarquia dominante e foi o estopim dessa revolução.
Era a vez de Minas Gerais indicar o candidato, mas Washington Luís, ligado à oligarquia de São Paulo, indicou o paulista Júlio Prestes, que garantiria a continuidade da política de valorização do café.
Os mineiros, que esperavam a indicação de Antônio Carlos, presidente de Minas Gerais, romperam sua aliança com São Paulo e, juntamente com o Rio Grande do Sul e a Paraíba, criaram um novo partido, a Aliança Liberal, que lançou a candidatura de Getúlio Vargas, ex-ministro da Fazenda e presidente do Rio Grande do Sul. 0 candidato a vice-presidente era o paraibano João Pessoa.
A Aliança Liberal, em sua campanha política, concentrou suas forças nos grandes centros urbanos, buscando, assim, a adesão da burguesia industrial e do operariado. Aos operários prometia satisfazer suas reivindicações, tais como: férias remuneradas, regulamentação do trabalho da mulher e da criança e ampliação do direito de aposentadoria. Além disso, suas propostas de anistia aos presos políticos e de instituição do voto secreto trouxeram-lhe o apoio dos líderes tenentistas.
Realizadas as eleições, em março de 1930, Júlio Prestes foi declarado vencedor, mas a ala mais radical da oposição, alegando fraude eleitoral, iniciou a organização de um movimento para derrubar Washington Luis. Em julho do mesmo ano, o assassinato de João Pessoa, no Recife, por um adversário político, contribuiu para dar mais força à oposição.
Tropas do Rio Grande do Sul marcharam em direção ao Rio de Janeiro. No Nordeste, a rebelião teve à frente Juarez Távora.0 presidente Washington Luís esboçou resistência, mas foi deposto (24 de outubro). Inicialmente, o governo foi exercido por uma junta militar (Tasso Fragoso, Mena Barreto e Isaías de Noronha). No dia 3 de novembro, Getúlio Vargas assumiu o poder. Tinha início a Era Vargas.
No decorrer dos quinze anos em que governou o Brasil, Getúlio foi chefe do Governo Provisório (1930-1934); presidente constitucional, eleito porvia indireta (1934-1937), e ditador de uma ordem autoritária conhecida como Estado Novo (1937-1945).

O GOVERNO PROVISÓRIO (1930-1934)
Logo que assumiu o poder, Getúlio Vargas:
» dissolveu o Congresso Nacional, as AssembleiasEstaduais e as Câmaras Municipais;
» nomeou interventores para os estados, com amplos poderes;
» criou dois novos ministérios, o do Trabalho,
Indústria e Comércio e o da Educação e Saúde;
» controlou os meios de comunicação e os sindicatos, que, para funcionar, precisavam da autorização do Ministério do Trabalho.

No seu governo foram aprovadas algumas leis trabalhistas:
» regulamentação do trabalho feminino e infantil;
» descanso semanal remunerado;
» férias remuneradas;
» jornada de trabalho de oito horas diárias.

A Revolução Constitucionalista de 1932
Com a Revolução de 1930, São Paulo perdeu sua hegemonia na política nacional e até mesmo o governo do estado passou para o controle de Getúlio. Em 1932, tentando retomar o poder, os paulistas desencadearam um movimento revolucionário. São Paulo enfrentava também, além da crise do café, a falência de várias indústrias, desemprego e greves operárias, que exigiam a aplicação das leis trabalhistas.
Quando Getúlio nomeou como interventor de São Paulo o militar pernambucano João Alberto Lins de Barros, os ânimos se acirraram. Os Partidos Democrático e Republicano Paulista se uniram, formando a Frente Única, que exigia a autonomia política para São Paulo e a reconstitucionalização do país, com a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte, já que a Revolução havia declarado extinta a Constituição de 1891. A Frente Única recebeu adesão de militares e industriais.
Devido à pressão que sofreu, Vargas nomeou um novo interventor para São Paulo, agora civil e paulista, Pedro de Toledo, e marcou o dia para a eleição dos membros da Assembleia Constituinte.
Apesar dessas concessões, a oligarquia paulista continuou reagindo, pois queria controlar o poder e fazer uma política efetivamente favorável ao café. Os conflitos ganharam as ruas não só da capital do estado como de muitas cidades do interior. Em uma das manifestações contra o governo, foram mortos na cidade de São Paulo os estudantes Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo, o que deu origem à sigla MMDC, que foi usada para denominar um grupo radicaL contra Getúlio.
Em9 de julho eclodiu a Revolução Constitucionalista. As forças paulistas foram comandadas pelo general Isidoro Dias Lopes. Depois de cerca de três mêses de revolução, os paulistas foram derrotados pelas tropas federais.

A Constituição de 1934
Em maio de 1933, foi eleita aAssembleia Constituinte e, em 1934, foi promulgada uma nova Constituição, que tinha como características principais: garantia da autonomia dos estados, mandato presidencial de quatro anos, sendo o primeiro eleito por via indireta, voto universal secreto, direito de voto à mulher, instituição do salário mínimo, jornada de oito horas de trabalho, descanso semanal e férias remuneradas, proibição do trabalho de menores de 14 anos de idade, indenização por dispensas sem justa causa, e deputados classistas. AAssembleia Constituinte também elegeu o presidente da República e Getúlio foi confirmado no cargo, agora como presidente constitucional.




        O GOVERNO CONSTITUCIONAL (1934-1937)
Esse período foi marcado pelo surgimento de duas correntes político-ideológicas antagônicas, as quais refletiam o conflito europeu de fascistas e socialistas:
» Ação Integralista Brasileira, de inspiração fascista, que tinha como líder Plínio Salgado. Contou com o apoio dos setores conservadores da sociedade, cujos objetivos eram: combate ao socialismo e defesa da Tradição e da Família.
» Aliança Nacional Libertadora, que agregava os elementos de esquerda, com orientação marxista, liderada por Luís Carlos Prestes, chefe do Partido Comunista e, como frente antifascista, contava com o apoio dos liberais.

A Intentona Comunista
0 programa da Aliança Nacional Libertadora (ANL) era: a luta por melhores salários, pela reforma agrária, antiimperialismo e democracia política.
Luís Carlos Prestes foi eleito presidente de honra da ANL e os comícios arrastavam milhares de pessoas às ruas. Isso fez com que Prestes, o Partido Comunista e a Terceira Internacional (reunião dos partidos comunistas de todo o mundo) acreditassem na possibilidade de derrubar Getúlio por meio de uma revolução.
Em 7 de julho de 1935, Prestes - ainda no exterior- divulgou um manifesto defendendo a luta armada. Era o motivo que Vargas desejava para colocar a ANL na ilegalidade. Esse fato, que foi usado como pretexto para fazer a revolução conhecida como RevoluçãoVermelha, seria um golpe militar com o apoio da população.
A revolução estava planejada para fevereiro ou março de 1936, mas a tomada do quartel-general da Polícia Militar em Natal, Rio Grande do Norte, em 23 de novembro de 1935, precipitou-a. Porém, o governo revolucionário durou apenas quatro dias. Houve a tentativa de estender o movimento ao Recife, também fracassada.
Luís Carlos Prestes começou a organizar o levante do Rio de Janeiro, acreditando contar com o apoio da Marinha para depor Getúlio.
0 movimento nos quartéis do Rio de Janeiro não conseguiu ganhar as ruas, sendo reprimido sem muita dificuldade pelo governo. Na tarde de 27 de novembro, todos os revolucionários se entregaram.
Derrotada a rebelião, o governo de Vargas deu início a uma feroz repressão política. Prestes e seus assessores estrangeiros foram presos e torturados. Prestes foi condenado a 16 anos de prisão.
Usando a insurreição comunista como justificativa,Getúlio suspendeu a Constituição de 1934, a mais liberal que o Brasil já tivera. A propaganda de Vargas criou vários casos falsos de "ameaças comunistas", de modo a convencer a população de que um governo forte era indispensável. Em 1937, às vésperas das eleições presidenciais, sob o pretexto de proteger o Brasil das ameaças totalitárias, Vargas deu um golpe de Estado, tornando-se ditador.

ESTADO NOVO:
DITADURA E TRABALHISMO
Com o golpe de 1937, que instalou o Estado Novo,consagrou-se a proposta ditatorial e eliminaram-sepoliticamente os defensores do liberalismo, que foram submetidos à Lei de Segurança Nacional.
Foi outorgada a Constituição de 1937, que legalizava a ditadura e a centralização do poder nas mãos de Vargas.
As bases da estabilidade do Estado Novo foram asseguintes:
» a conjuntura internacional, marcada pela Guerra Mundial e pela ascensão do fascismo, favorecia a expansão industrial, principalmente a indústria de base, e a retomada do crescimento das exportações nacionais, o que não impediu o Brasil de continuar exportando produtos primários, essa situação levou a maioria da classe dominante a apoiar a ditadura;
» o consentimento de setores da burguesia industrial e agroexportadora e de boa parte dasoligarquias latifundiárias, que se beneficiavam com a política governamental;
» o apoio da classe média urbana que, por ser conservadora, ficavatranquila ante a repressão aos comunistas e era beneficiada com a ampliação dos empregos;
» o apoio do alto comando do exército, que participava das decisões governamentais nos conselhos técnicos;
» concentração de renda e fundiária;
» a desorganização das camadas populares em decorrência da repressão policial e do controle estatal dos sindicatos de trabalhadores. Ao mesmo tempo, as leis trabalhistas eram implantadas. Essas leis "ganharam" os trabalhadores urbanos;
» o controle da propaganda nacional por meio do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP).





O governo Vargas tinha motivos para intervir nos assuntos ligados ao trabalho: conter o avanço do movimento dos trabalhadores e, paralelamente, criar mercado para alguns setores da indústria nacional. Por isso, passou a cuidar da questão social. Criou uma legislação trabalhista e previdenciária que, embora tenha provocado reação dos empresários, não prejudicou os seus interesses.
Uma nova Constituição foi outorgada em 1937. Era extremamente centralizadora e prorrogava o mandato presidencial até ser feito um plebiscito que, na realidade, nunca se realizou.
No Estado Novo houve a extinção dos partidos políticos, a censura da imprensa, a dissolução do Congresso e a nomeação de interventores estaduais. No plano econômico, esse período foi marcado pela criação da Companhia Siderúrgica Nacional e pelo início das pesquisas de petróleo, em Lobato, na Bahia.








A REDEMOCRATIZAÇÃO
A partir de 1942, os rumos da Segunda Guerra Mundial começaram a mudar, abalando um dos alicerces do Estado Novo e favorecendo a luta interna pela democratização. A entrada do Brasil na Guerra criou uma situação contraditória; o Brasil lutava no exterior contra o fascismo, enquanto se mantinha, internamente, num regime ditatorial inspirado por esse mesmo fascismo.
As relações do governo com as Forças Armadas começaram a se deteriorar. As pressões externas também contribuíram para o fim da ditadura. 0 governo dos Estados Unidos não via com bons olhos as tendências nacionalistas de Vargas, que obstavam parcialmente a entrada de capitais norte-americanos no Brasil.
Diante das pressões internas e externas, cada vez maiores, o governo de Vargas prometeu eleições gerais, diminuiu a censura da imprensa e permitiu a volta dos partidos políticos.
Os principais partidos que surgiram na época foram:
» PSD (Partido Social Democrático), criado por Vargas, tinha sua base eleitoral na força dos interventores estaduais, nos industriais, nos banqueiros e na aristocracia rural.
» UDN (União Democrática Nacional), que congregava os opositores do regime getulista. Era também anticomunista e tinha como base eleitoral setores da classe média, empresários e certas camadas dos militares. Júlio Mesquita Filho, AssisChateaubriand, Armando de Salles Oliveira e o Brigadeiro Eduardo Gomes eram os nomes mais representativos desse partido.
» PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), era liderado pela burocracia sindical, criada pelo regime do Estado Novo. Idealizado por Getúlio, tinha a finalidade de servir de anteparo entre os trabalhadores e o Partido Comunista.
Em 1945, Getúlio decretou o Ato Adicional, marcando o prazo das eleições gerais. Em março, pressionado por grupos de militares até então comprometidos com a ditadura, lançou como candidato à sua sucessão o ministro da Guerra, General Eurico Gaspar Dutra. Em abril, Vargas concedeu anistia a todos os presos e exilados políticos. No mês seguinte, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) voltou à legalidade.
Vargas prometia eleições, porém, não se acreditava que elas fossem realizadas. As Forças Armadas, lideradas pelos generais Gois Monteiro e Eurico Gaspar Dutra, em 1945, depuseram o ditador, assumindo o governo José Linhares, presidente do Supremo Tribunal Federal.
Para as primeiras eleições, após a época ditatorial, os partidos apresentaram os seguintes candidatos: General Eurico Gaspar Dutra, apoiado pela coligação PSD-PTB; Brigadeiro Eduardo Gomes, lançado pela UDN; Yedo Fiúza, candidato do PCB. Foi eleito o General Eurico Gaspar Dutra.
Apesar da redemocratização, mantinha-se ainda a clientela dependente dos favores (verbas, empregos, nomeações) dos "caciques" políticos estaduais e do governo federal. Esses favores eram retribuídos com a votação em massa nos candidatos governistas. Havia outras razões para o predomínio do PSD. Além do apoio financeiro dos comerciantes, industriais e proprietários de terras, o programa do partido era amplo e genérico, o que facilitava a conciliação dos diferentes grupos oligárquicos e burgueses.
Prejudicada pelas manobras getulistas, a UDN perdeu as eleições. A principal razão foi o fato de o partido estar dominado, desde a sua fundação, pelas oligarquias liberais conservadoras. Apoiado basicamente por setores da classe média conservadora e da classe dominante, a UDN tornou-se o "partido dos ricos", defensor de posições conservadoras, como a manutenção da economia agrária.
0 PTB era a terceira força partidária e teve maior penetração popular devido a uma mudança na composição social da classe trabalhadora, a partir dos anos 30 do século XX. Houve a substituição dos trabalhadores estrangeiros por migrantes do Norte e Nordeste, mais carentes do ponto de vista material e menos organizados e conscientes em termos políticos e ideológicos. Portanto, tornaram-se mais facilmente impressionáveis com a política social de Vargas.